“Um Clube Vivo é um Clube Participado”


IV) 1985/1986_- biénio importante na consolidação do CSA, por Álvaro Martins

15-08-2015 10:55

A década de 80 foi um período muito difícil para o Associativismo Militar, muito em especial para o CSA, e por duas ordens de razão: a primeira, residia no facto do CSA ser encarado pela Chefia da Armada como um inimigo, na época, maliciosamente, apelidado de Sindicato e os seus dirigentes de Sindicalistas; a segunda, devido ao processo de despejo que decorria em tribunal, relativamente à nossa Sede do Largo Trindade Coelho, no Bairro Alto.

A primeira das razões apontadas era, sem sombra de dúvidas, a mais fácil de lidar, já que os motivos que estavam na sua génese, ao não corresponderem minimamente à realidade, bastava um pouco de coragem, firmeza de princípios, unidade da Classe e inteligência para a ultrapassar. Fazendo o que tinha de ser feito, encontrando formas, muitas vezes inovadoras, de congregar o melhor que havia em nós, lá fomos levando o “navio em rumo e velocidade” certas, conduzindo-o a Bom Porto.

A hostilidade contra o CSA só veio terminar em 1989 com o aparecimento do Associativismo de cariz socioprofissional, altura em que a hostilidade das chefias militares se focou na recém-criada Associação Nacional de Sargentos (ANS). Esta alteração estratégica é bem demonstrativa que, em momento algum, os detractores do CSA tiveram razão.

A segunda das razões foi bem mais difícil de ultrapassar. Estava eminente a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, adivinhando-se que a decisão iria ser negativa para o CSA, e que daí resultaria o

abandono da nossa Sede. A acção concertada dos senhorios, Ministro da Defesa Nacional e Chefia da Armada “cortava as pernas” ao CSA, e, se nada fosse feito, seria quase impossível continuar a obra notável até então protagonizada pelo nosso Clube.

Sem qualquer tipo de apoio, contando exclusivamente com o querer colectivo de toda uma classe, os Sargentos da Armada uniram vontades e, determinados em “não quebrar”, avançaram (no mandato anterior) para a compra da Delegação nº 1, no Feijó, decisão que se veio a mostrar decisiva para a subsistência do CSA.

Comprada, nessa altura, a primeira parte do que é hoje a nossa Delegação nº 1, por razões alheias aos dirigentes do CSA, fomos confrontados com um novo problema, de solução complexa, já que a

mesma não dependia só de nós. Coube aos dirigentes do CSA neste mandato, fazer-lhe frente e encontrar as soluções para o resolver. O problema prendia-se com a incapacidade financeira do construtor do imóvel em desipotecá-lo para podermos fazer a sua escritura.

Com vontade inquebrantável, os Sargentos da Armada fizeram, uma vez mais, das dificuldades forças para continuar. Aproveitando o facto da outra metade do imóvel não estar vendida e negociando directamente com o banco que detinha a hipoteca e com o construtor, avançámos para a sua aquisição. Era a possibilidade derradeira de continuar a nossa existência e salvar o Património do nosso clube, faltando, apenas, um aspecto, provavelmente o mais difícil – o dinheiro para adquirir a parte restante do imóvel.

Colocado o problema aos associados em Assembleia Geral, decidiram os Sargentos da Armada criar uma quota suplementar durante 18 meses e avançar para aquela aquisição, o que veio a concretizar-se.

As dificuldades enobreceram os actos e os homens e a nossa Delegação nº 1 é bem prova disso, razão pela qual a sentimos com enorme orgulho como a “menina bonita dos nossos olhos”.

O trabalho que se seguiu de adaptação daquele espaço, transformando-o por forma a dar-lhe condições de funcionalidade e conforto, foi um trabalho colectivo e voluntário a que associados e familiares puseram mãos à obra, um trabalho notável de criatividade e esforço, só possível quando acreditamos nas nossas capacidades, quando acreditamos que unidos somos capazes de transformar o sonho em realidade.

É esta evidência que aterroriza aqueles que nos gostariam de ver isolados, tristes e resignados, e que, por isso, nos combatem, ora criando problemas, ora denegrindo-nos com campanhas maldosas, procurando criar estigmas e divisões.

No plano sociocultural, este mandato, na linha dos que o antecederam, caracterizou-se pelo dinamismo, proporcionando aos seus associados momentos de elevado nível, dos quais  destacamos o Concerto efectuado na nossa Sede Social pela pianista Olga Prats, valor maior no universo musical português, os espectáculos comemorativos do Dia da Marinha, no Coliseu dos Recreios (na altura, a maior sala de espectáculos do País), em colaboração com o Clube Militar Naval e Clube de Praças da Armada, e as comemorações do 25 de Abril, em parceria com as embaixadas dos PALOP’S. Foi também um Biénio de consolidação da edição do Boletim do CSA, iniciado no mandato anterior.

Pela superação das dificuldades, só possível pela via Associativa, podemos afirmar que o mandato relativo ao Biénio 1985/1986 se caracterizou pela consolidação associativa, dando razão ao lema: “Um clube vivo é um clube participado”.

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